Em entrevista à ISTOÉ, ele confessa que poucas vezes acompanhou com tamanha atenção uma eleição presidencial no Brasil.
Na opinião de Jaguaribe, “o PT tende a consolidar-se como um grande partido de massa”, enquanto o PSDB, mesmo indo para o segundo turno, “demonstrou fragilidade ao não conseguir ocupar devidamente seu papel na oposição.”
Istoé - Com as vitórias que conseguiu nos Estados e no Senado, o PT se fortalece nessa eleição? Ou o segundo turno para presidente lhe tira esta força?
Hélio Jaguaribe - Essas eleições mostraram a consolidação do PT como um grande partido de massa. Isso está cada vez mais claro. Já o PSDB demonstrou fragilidade ao não conseguir ocupar o espaço alternativo como partido popular.
Hélio Jaguaribe - A diferença é que a esquerda brasileira tornou-se mais moderada, mais centrista. A esquerda não é mais ameaçadora para o centro e, com isso, ela tem uma capacidade eleitoral aumentada. Isso torna a aceitação da esquerda mais fácil para a sociedade.
Istoé - Mas tem gente dizendo que os radicais do PT, que foram domados lá atrás, podem voltar com mais força numa eventual vitória de Dilma. O sr. acredita nisso?
Hélio Jaguaribe - Não tem espaço para radicais no Brasil de hoje, nem de esquerda nem de direita. Nosso país está claramente encaminhado para um nível centrista, que poderá ser um pouco centro-direita em alguns casos, mas que será predominantemente de centro-esquerda.
Istoé - Com o fortalecimento do PT, há o risco de repetirmos no Brasil o fenômeno do PRI mexicano, que ficou no poder por mais de meio século?
Hélio Jaguaribe - Evidentemente existe uma possibilidade de que isso ocorra, mas no caso brasileiro a diversidade parlamentar é suficiente para evitar que haja o monopólio institucionalizado de um partido só. Então, o risco é menor.
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